“Meu cônjuge tem filhos e isso atrapalha nossa relação” – as turbulências de famílias reconstituídas

“Meu cônjuge tem filhos e isso atrapalha nossa relação” – as turbulências de famílias reconstituídas
13 fev 2021

Começar uma relação com alguém que já tenha filhos pode não ser fácil, por existirem muitos laços afetivos envolvidos. Assumir dois títulos em um relacionamento de uma só vez – o de companheiro(a) e de padrasto (madrasta) – traz dificuldades, justamente por não existir um alicerce antes de fazer essa introdução.

Existe uma cobrança para que o parceiro com filhos equilibre a convivência com eles, de forma que o novo casal também possa ter seus momentos a sós. No entanto, é primordial ressaltar que não existe “divórcio de pais genitores/ filhos”. Os papéis de pai e mãe não acabam no momento de uma separação conjugal, e isso formatará a nova relação. O fato de estar se unindo a um companheiro(a) que já tenha filhos deve ser considerado logo no início da relação entre o casal, tendo-se em mente que esta relação é de suma importância e eterna. Por isto, é necessária uma autoavaliação, levando tudo isso em consideração, além da capacidade de lidar com essa realidade.

Um cônjuge que tenha filhos de uma relação anterior deverá se relacionar com eles de forma saudável, assim como com os filhos que venha a ter nesta nova relação. Por vezes, os novos parceiros(as) se irritam com essa similaridade de relacionamento e tratamento com os filhos de ambas as relações, mas deve-se ter a consciência de que filhos, de qualquer relação, devem ter um pai/mãe atuante e presente, já que não o/a têm no seu convívio diário, por não morarem na mesma casa.

O cônjuge atual deve trabalhar a sua autoconfiança e focar nela, para não deixar chegar numa situação de competição de atenção com os filhos de seu parceiro(a). É fundamental entender que o novo casal possui um espaço que é somente deles e que ser esposo(a) diz respeito a outro lugar, que jamais será tomado pelos enteados. Mas isso deve ser discutido e acordado entre os parceiros, para que delimitem as fronteiras desses convívios.

Não se deve ser levado(a) pela culpa de que, por ter se separado do núcleo familiar em que teve filhos, eles “podem tudo”, inclusive “invadir” a nova relação. Isto deve estar claro para ambos os novos parceiros e esse limite deve ser delineado pelo pai (ou mãe) desses filhos, com muita clareza. **

Compreensão, maturidade, delimitação e clareza de papéis são a base fundamental para que as relações entre o casal, os enteados e os filhos do novo casal (caso os tenha) seja saudável e funcional. Lembre-se sempre que a afetividade é a base para a formação da autoestima dos filhos, sejam eles de qualquer relação.

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Ana Carolina Morici
Ana Carolina Morici

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