O problema de supervalorizar o(a) parceiro(a)

O problema de supervalorizar o(a) parceiro(a)
21 abr 2017

Todo mundo tem defeitos, ou, no mínimo, tem atitudes e características que não gostamos, ainda que não sejam exatamente erradas. Porém, quando conhecemos alguém interessante, somos tomados por uma mistura de empolgação, felicidade e otimismo, que faz com que percebamos apenas os pontos positivos do outro. A ciência comprova que conhecer alguém eleva nossas taxas de dopamina, hormônio ligado ao prazer, exatamente o responsável por nos deixar propensos a enxergar o lado bom das coisas e ignorar os pontos negativos.

Além disso, no começo de um relacionamento tudo tente a ser, de fato, bom. Não há intimidade ou envolvimento suficiente para brigas ou discussões, para reprovar atitudes no outro, ou para que a relação tenha problemas. Pelo contrário, é tudo fantástico, novo e agradável. O desejo de agradar o outro é enorme, logo, se um quer ir ao shopping e o outro quer ir a um restaurante, o casal quase não entra em conflito, pois ambos querem abrir mão de sua escolha para agradar ao outro. Com o passar do tempo a situação se inverte, os conflitos podem ocorrer pois nenhum dos dois quer abrir mão de sua escolha.

Em uma nova relação, deseja-se muito o outro, mesmo sabendo pouco sobre ele e sobre sua forma de se portar em um relacionamento. Isso pode ser explicado ainda pelo aumento de serotonina, hormônio responsável pelo humor.

Mas essa fase de hormônios alterados em que tudo parece ótimo não dura para sempre. Após um período de sete meses (segundo a pesquisadora Helen Fisher) ou de dois anos (segundo o pesquisador Andreas Bartels) o encanto acaba e nos deparamos com o parceiro real, com todos os seus defeitos.

Por termos supervalorizado o parceiro, ou simplesmente ignorado as vezes em que seus defeitos foram expostos, o fato de visualizar seus defeitos pode ser decepcionante. Em alguns casos chegamos a achar que o parceiro mudou, que não é mais como era, quando na verdade ele(a) sempre foi assim, nós é que estávamos encantados demais para enxergar. É nessa fase que muitos relacionamentos esfriam, passam a vivenciar conflitos ou chegam ao fim.

Não significa que o parceiro seja uma má pessoa ou que suas qualidades desapareceram. Todos nós temos defeitos, e mesmo que o encantamento tenha passado, ele pode ser um ótimo parceiro, e o casal pode alinhar suas divergências.

Para reduzir os traumas causados por essa diferença de percepção, basta iniciarmos relacionamentos sem valorizar excessivamente o outro. A frase “Ele é um cara perfeito” ou “Ela não tem defeitos” que muitos dizem após seus primeiros encontros deve ser pensada com um pouco mais de cautela. Ninguém é perfeito, nem mesmo nós, e nenhum relacionamento composto por pessoas de ideias, valores e princípios diferentes caminhará sem que ocorra alguma divergência, desde as divergências mais simples como decidir um programa a fazer no fim de semana.

Share

Ana Carolina Morici
Ana Carolina Morici

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *