Por que os casais estão tendo mais conflitos durante a quarentena

Por que os casais estão tendo mais conflitos durante a quarentena
30 maio 2020

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública analisou que os relatos de brigas de casal aumentaram 431% desde o início do isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus. Na contemporaneidade, a população é condicionada a ter menos tempo e normalmente passa a maior parte do dia trabalhando ou fazendo coisas relacionadas aos seus trabalhos – uma pesquisa do G1 apontou que quase metade dos brasileiros passa 11 horas por dia trabalhando – sobra pouco ou quase nenhum tempo disponível para as relações sociais.

Casais que moram juntos acabam passando poucas horas por dia na companhia um do outro, na maioria das vezes somente uma parte da manhã, à noite e aos finais de semana. A ocorrência de uma quarentena, que não deixa outra opção a não ser conviver com o parceiro, acabou gerando muitos problemas, porque essas pessoas nunca tinham convivido umas com as outras por tanto tempo. Presenciar diretamente o comportamento do outro e suas frustrações que só aumentaram devido ao confinamento, não poder estar mais do que a algumas paredes de distância após uma chateação, dentre outros fatores, torna o casal muito mais fragilizado e irritadiço.

Casais que têm o costume de adiar a resolução de muitos conflitos, passando até mesmo dias sem se comunicarem, faz com que agrave a situação, pois o convívio intenso não permite aliviar os problemas, pois não há “distração” do problema e nem um tempo para elaborar a raiva e os sentimentos de mágoa. Isto pode aflorar mais ainda a agressividade.

É muito provável que, além de tudo, o isolamento social proporcione lembranças de conflitos passados que foram mal resolvidos, ou seja, tudo colabora para que uma nova briga aconteça, somado com demais problemas que o momento pode proporcionar.

Pensando nisso, é importante que se tenha em mente que a outra pessoa também pode estar ansiosa, se sentindo mal, frustrada e tantas outras aflições que podem acometer um indivíduo. O confinamento veio para todos, e a menor chance de tornar o ambiente mais agradável deve ser agarrada, pensando na relação e na pessoa que está ao lado, deixando o caos somente lá fora.

Faz-se necessário uma pausa, momento este para que um escute ao outro em suas angústias, ansiedades e inseguranças (próprias do momento) e que não haja julgamentos e competição de suas dores (eu estou sofrendo mais que você…).

A busca do entendimento tem como foco o que um pode fazer pelo outro – dentro de suas possibilidades – neste momento de crise. Afinal se escolheram para dividir a vida, sempre lembrando que a parceria e a cumplicidade são a base do relacionamento a dois.

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Ana Carolina Morici
Ana Carolina Morici

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