Quando o desejo de ter mais um filho não é compartilhado

26 jul 2025
Nem sempre os sonhos de um casal caminham lado a lado na mesma direção. Quando um dos parceiros manifesta o desejo de ter mais um filho, e o outro não compartilha desse mesmo sentimento, é comum que surjam dúvidas, frustrações e até um certo distanciamento emocional. Esse tipo de conflito pode parecer simples à primeira vista, mas na verdade ele toca em camadas profundas de identidade, expectativa de vida e sentido de continuidade.
Ter ou não ter mais um filho não é uma decisão apenas racional, é algo que mobiliza afetos, medos e necessidades internas. Para quem deseja ampliar a família, o “não” do outro pode soar como rejeição ao próprio sonho, e até como um tipo de negação ao papel de pai ou mãe, que gostaria de vivenciar novamente. Para aquele membro do casal que não quer (ou não pode) ter outro filho, o desejo do outro pode ser sentido como uma pressão ou um peso para si, pois pode se sentir insuficiente como parceiro, como se tivesse fazendo algo errado.
Por isso, quando esse impasse aparece, o mais importante é que ele seja tratado com diálogo aberto, escuta verdadeira e respeito mútuo. Não se trata de convencer o outro, mas de compreender o que está por trás de cada posição. Medos, cansaços, inseguranças, traumas passados, questões financeiras ou de saúde, tudo isso pode estar influenciando a decisão, e precisa ser acolhido com empatia, não com julgamento.
Em momentos assim, o casal precisa se lembrar de que estão do mesmo lado, mesmo que com vontades diferentes. É essencial criar espaço para que ambos possam falar com liberdade, sem se sentirem egoístas, ingratos ou cruéis por pensarem diferente.
Uma relação madura suporta conversas difíceis, e saber acolher a dor do outro sem fazer dela uma ameaça, é uma demonstração profunda de amor e respeito.
Não há respostas prontas para esse tipo de situação. Em alguns casos, o tempo ajuda a amadurecer decisões. Em outros, é preciso viver o luto por um sonho que talvez não se realize. O que não pode acontecer é o silêncio prolongado, a pressão velada ou o afastamento emocional que transforma o amor em cobrança, e o vínculo em frustração.
Decisões importantes exigem presença emocional, disponibilidade para conversar e disposição para rever, juntos, os caminhos possíveis. E mesmo que a escolha final não seja exatamente o que cada um desejava no início, ela pode se tornar mais leve quando é construída com verdade, cumplicidade e respeito.