Terminar um relacionamento não é uma derrota

Terminar um relacionamento não é uma derrota
12 set 2017

A decisão de terminar um relacionamento ou investir na melhora da sua harmonia é algo muito peculiar, cabendo somente aos envolvidos na relação. É sabido que um término envolve questões delicadas que vão desde o aspecto emocional até a aspectos legais e financeiros. Somente o casal tem condições de avaliar e decidir se devem persistir na tentativa de recuperar o relacionamento, ou interrompê-lo.

Muitas vezes, porém, mesmo após concluir que a relação deve chegar ao fim, o casal é tomado por um sentimento de que o término será uma derrota, o que pode soar como uma derrota social, perante os amigos e a família; uma derrota diante do esforço que investiram na relação até ali, dentre outros aspectos. É pregado que os verdadeiros relacionamentos são aqueles que duram para a vida inteira, e isso acaba por exercer forte pressão diante do término.

Em uma analogia, os membros do casal se sentem como um jogador de póquer, que apostou todas as suas fichas e vê como uma derrota deixar a relação sem recuperar o que ela foi um dia. O casal acaba por postergar o término, mesmo tendo interesse em fazê-lo.

É preciso entender que um dos objetivos principais em um relacionamento é estar feliz ao lado do outro. Ninguém embarca em uma relação desejando que esta seja fria, desarmônica, divergente ou conflituosa, e ninguém precisa permanecer em uma relação que não queira.

O término do relacionamento não é uma derrota, seja ela social, moral ou pessoal. O término da relação é um válido desfecho diante da impossibilidade de estar feliz no convívio a dois, e é justamente o término que vai permitir que os membros da relação deem rumos mais satisfatórios para suas vidas, após concluírem que não será possível ter um relacionamento que os realize. Por mais que soe como uma perda no primeiro momento, o que o casal não deve é se deixar levar pelo estranho paradoxo onde, para não sofrer com as questões do término, sofre-se com a permanência em um relacionamento que não faz bem.

Ana Carolina Morici é psicoterapeuta, atua em terapia de casal, família e individual. Mestre em Psicologia pela Puc Minas, ministra aulas no curso de Psicologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Lecionou por dez anos na Pós-Graduação da PUC Minas.

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Ana Carolina Morici
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